Política

Hacker acusa Bolsonaro de grampear Moraes

Walter Delgatti também apontou tentativa de tumultuar eleições

Depoimento de Walter Delgatti Neto pode complicar Bolsonaro

Redação Ansa

(ANSA) - O hacker Walter Delgatti Neto acusou nesta quinta-feira (17) o ex-presidente Jair Bolsonaro de grampear o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A declaração foi dada em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (I) dos atos golpistas de 8 de janeiro, quando bolsonaristas radicais invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF.

Delgatti disse à I que Bolsonaro telefonou a ele no ano ado para pedir que assumisse a autoria de um grampo contra Moraes supostamente feito por "agentes de outro país". Para convencer o hacker, o então presidente teria prometido proteção judicial.

"Ele disse: 'Caso um juiz te prender, eu mando prender o juiz'. E deu risada", contou Delgatti, que se tornou conhecido no Brasil inteiro por invadir contas no Telegram de procuradores da Operação Lava Jato, ganhando o apelido de "hacker da Vaza Jato", em 2019.

Na ocasião, a revelação de conversas entre os procuradores e o então juiz Sergio Moro acabaria levando à anulação das condenações de Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato, pavimentando o caminho para sua campanha em 2022.

Delgatti foi convocado pela I dos atos golpistas após ter revelado que Bolsonaro lhe perguntara se ele conseguiria invadir as urnas eletrônicas, em encontro intermediado pela deputada Carla Zambelli. Na época, o então presidente tentava desacreditar o sistema eleitoral brasileiro com acusações de fraudes.

"Apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli, de um encontro com o Bolsonaro, antes da campanha. Ele queria que eu autenticasse a lisura das eleições e, por ser o presidente da República, eu acabei indo ao encontro", contou o hacker à I.

O encontro ocorreu em 10 de agosto de 2022, no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República. O objetivo da campanha bolsonarista seria encenar uma invasão às urnas eletrônicas no feriado de 7 de setembro para incendiar a militância.

Segundo Delgatti, Bolsonaro também prometeu proteção contra eventuais ações da Justiça caso ele fosse condenado por tentar invadir as urnas. "Nesse encontro ele me assegurou indulto", afirmou.

O então presidente também teria pedido que Delgatti fosse levado ao Ministério da Defesa para que técnicos o ajudassem no projeto. De acordo com o hacker, ele foi cinco vezes à sede da pasta e se reuniu inclusive com o então ministro Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército. (ANSA)

Leia a notícia completa em Ansa Brasil