Quase 50 pessoas ficaram feridas nesta quarta-feira (28) durante uma entrega de alimentos na Faixa de Gaza, após um ataque a tiros deflagrado pelo Exército de Israel contra uma multidão aglomerada em um novo centro de distribuição de ajuda humanitária.
A informação foi divulgada pelo Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas, que denunciou a morte de ao menos um palestino e um total de 48 feridos no ponto de entrega de ajuda controlado por Israel.
Mais cedo, um alto funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU) já havia denunciado que 47 pessoas haviam ficado feridas.
"A maioria dos feridos foi causada por tiros", enfatizou Ajith Sunghay, chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU nos Territórios Palestinos, a repórteres em Genebra, acrescentando que "eram tiros das Forças de Defesa de Israel (FDI)".
Apesar das acusações, ainda não se sabe ao certo quem efetuou os disparos ou quem é o responsável pelas vítimas. O porta-voz do Exército de Israel, Olivier Rafowicz, afirmou que não atirou contra civis "no centro de distribuição inaugurado pela Fundação Gaza" perto de Rafah, no sul de Gaza.
Segundo ele, "os soldados israelenses dispararam tiros de advertência para o ar, na área externa ao local". "Estamos verificando as informações da ONU. No momento, não temos informações sobre este assunto", declarou Rafowicz.
Milhares de moradores da Faixa de Gaza começaram ontem a coletar cestas básicas no local de distribuição de ajuda humanitária a oeste de Rafah, na Praça Al-Alam, inaugurado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF). Entretanto, a multidão rompeu as cercas ao redor do local de distribuição e invadiu o complexo, causando uma confusão após dias de bloqueio da ajuda humanitária.
Para o diretor da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (Unrwa), Philippe Lazzarini, o novo modelo de distribuição de ajuda, apoiado pelos Estados Unidos, em Gaza é um desperdício de recursos e uma distração das "atrocidades".
"Acredito que seja um desperdício de recursos e uma distração das atrocidades. Já temos um sistema de distribuição de ajuda adequado. A comunidade humanitária em Gaza, incluindo a Unrwa, está pronta. Temos a experiência e as habilidades para chegar às pessoas necessitadas", enfatizou Lazzarini, que está no Japão.
De acordo com o representante da agência da ONU, "enquanto isso, as mãos estão se movendo em direção à fome", então, por isso, "o trabalho humanitário deve ser capaz de fazer seu trabalho de salvar vidas agora".
Paralelamente, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, revelou ter discutido com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, "a intolerável crise humanitária em Gaza". "A ajuda humanitária deve poder chegar aos necessitados, imediatamente e em larga escala", escreveu ela no X.
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