O ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou nesta terça-feira (10), durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), que não identificou irregularidades nas urnas eletrônicas utilizadas nas eleições de outubro de 2022.
"Nunca chegou essa notícia até mim. Eu ava isso quando era questionado pelo presidente [Bolsonaro] ou por qualquer outra autoridade, sempre ei isso, de que nós não tínhamos, tecnicamente, nada para dizer sobre as urnas eletrônicas", declarou Torres no âmbito do processo sobre a tentativa de golpe de Estado atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a seus aliados.
O ex-ministro foi o segundo réu a depor na manhã desta terça-feira à Primeira Turma do STF, em Brasília, sob o olhar de Bolsonaro, do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e dos demais réus que integraram o "Núcleo 1", ou "Núcleo Crucial", da suposta trama golpista.
Torres foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro entre 30 de março de 2021 e 31 de dezembro de 2022, quando assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Era ele o responsável pela segurança em Brasília no dia dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, mas estava em viagem aos Estados Unidos na ocasião.
"Houve uma falha muito grave no cumprimento do protocolo. Esse PAI [Protocolo de Ações Integradas] é considerado gravoso, impacta muito na vida do brasiliense. Quando li esse protocolo, pensei: 'Está de bom tamanho para as ações que a gente tem'", declarou Torres.
Ele assegurou que, ao tomar ciência dos atos antidemocráticos, ligou para diversas autoridades do Distrito Federal exigindo a atuação da polícia. "Fiquei desesperado. Liguei para todo mundo", reforçou.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA