A microbióloga brasileira Mariangela Hungria é a vencedora do World Food Prize 2025, considerado o "Nobel da Agricultura". A honraria lhe foi concedida por suas contribuições nos avanços científicos na fixação biológica de nitrogênio, que transformaram a sustentabilidade da saúde do solo e da nutrição das culturas na agricultura tropical.
O anúncio foi feito nesta terça-feira (27) em Trieste, sede italiana da Academia Mundial de Ciências para o Avanço Científico dos Países em Desenvolvimento (TWAS), que faz parte da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), da qual Hungria é membro.
A brasileira desenvolveu dezenas de tratamentos biológicos para sementes e terrenos que ajudaram as plantações a adquirir nutrientes por meio de bactérias do solo, aumentando significativamente a produtividade das principais culturas, ao mesmo tempo que reduziram a necessidade de fertilizantes sintéticos.
Estima-se que seus produtos tenham sido usados em mais de 40 milhões de hectares no Brasil, gerando uma economia de até US$ 40 bilhões por ano para os agricultores em custos de produção, além de evitar a emissão de mais de 180 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente por ano.
Em seus 40 anos na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a produção nacional de soja subiu de 15 milhões de toneladas em 1979 para uma expectativa de 173 milhões de toneladas na próxima safra.
Além disso, Hungria, membro da Academia Brasileira de Ciências, publicou mais de 500 artigos científicos em periódicos revisados por pares, livros e publicações técnicas. Também lançou mais de 20 tecnologias, incluindo cepas microbianas comerciais e inoculantes, tendo vencido mais de 20 prêmios.
"Seu trabalho melhorou a vida de centenas de agricultores ao redor do mundo e fez uma contribuição significativa para a saúde do planeta", disse a presidente da TWAS, Quarraisha Abdool Karim.
Por ter vencido o World Food Prize, Hungria irá receber US$ 500 mil (R$ 2,8 milhões).
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